Uma vez por outra isto acontece cá em casa, e por isso não fui eu quem preparou o magnífico jantar de sábado (ainda por cima, os palpites que dei foram mal dados... cala-te boca!). Resumando e concludando: foi para a mesa um inesquecível pregado frito de comer e chorar por mais, acompanhado por uns grelhos banhados em azeite e alho bem picadinho.
Porém, como por aqui a barriga ainda vai prevalecendo sobre os olhos, acabaram por sobrar duas postas... que seria heresia desperdiçar.
Assim, no domingo ao fim da tarde, e sempre remoendo no destino que havia de dar às ditas duas postas, entrei num daqueles supermercados cuja administração se mudou para os Países Baixos e fui procurando inspiração que me ajudasse a resgatá-las. Dito e feito: uns camarões, uma embalagem de mexilhões mais outra de vieiras, um abacaxi e um saco de cebola-doce.
Nem pensem que a esta hora da noite vou fornecer os ingredientes da operação de salvamento. Limito-me a relatar a sequência dos acontecimentos
Uma sertã ao lume e lá para dentro uma fatia de abacaxi cortado em quadradinhos. Depois de estarem os quadradinhos de abacaxi bem tostadinhos, juntei-lhes um bom fio de azeite e a seguir duas cebolas-doces picadinhas, mais dois dentes de alho, igualmente picadinhos, e igual dose de gengibre. Seguiram-se umas quantas tiras de pimento-amarelo e um copinho de vinho branco seco para criar ambiente. Depois juntei tomate-cereja e jindungo... e deixei apurar. Seguiram-se os camarões, os mexilhões, o PREGADO, as vieiras cortadas em lâminas finas e uma boa mão-cheia de coentros, logo seguida por flor-de-sal q/b.
Foi só deixar apurar sabores e aromas e levar à mesa.
Assim consegui «salvar» as duas postas de pregado.