O tempo para vir até ao caderno de receitas não tem sobrado mas, para nem sequer eu me esquecer de algumas experiências, deixo aqui uns apontamentos daquilo que tem ido à mesa cá na Pensão Estrelinha.
Este bacalhau era daqueles que há muito tempo tencionava experimentar. Apesar de me ter faltado um ingrediente (não consegui arranjar broa de milho do Museu do Pão), encontrei outro que foi um verdadeiro achado: uma belíssima farinheira de porco preto. Eu, que não aprecio especialmente este tipo de enchido, rendi-me por completo.
Para duas pessoas, foram estas as munições que reuni e com as quais depois abri fogo de artilharia na cozinha, ou melhor, no fogão e no forno.
1 Posta grande de bacalhau desfeita em lascas;
2 dentes de alho picados;
1 cebola de bom tamanho cortada em rodelas finas;
12 batatas novas
1 farinheira de porco preto
1/2 copo de vinho branco seco
Salsa fresca picada muito fina
Sal e pimenta-preta moída na altura
Golpeadas as batatas, temperei-as com um bom fio de azeite e sal e tratei de as levar ao forno (entre 20 a 30 minutos a 180°C)
Seguiu-se a farinheira que foi para o lume numa frigideira sem com mais nada. Assim que começou a querer tostar, esmaguei-a e voltei a esmagá-la com um garfo e deixei-a largar gordura e mais gordura, nunca parando de mexer, agora com um garfo de madeira. Quando achei que estava no ponto, reservei (segundo sei, a farinheira devia ter sido casada com a broa de milho, mas a mesma resolveu faltar ao casamento. Ora, como se diz na minha terra, mais vale só do que mal acompanhado e, por isso, a farinheira teve que se haver sozinha).
Outro tacho de barro, cujo fundo cobri com um bom fio de azeite, serviu para tratar do bacalhau.
Comecei por alourar a cebola e o alho, juntei as lascas de bacalhau, envolvi, deixei que suassem mais um pouco. Matei-lhes a sede com meio copo de branco seco e refresquei-os depois com a salsa picada. Chegou a vez dos temperos de sal e pimenta-preta. Lume apagado. Acamei o bacalhau, cobri com a farinheira e levei ao forno. No entrementes, como as batatas estavam quase assadas, rodei o botão do forno para a função grill, mudei as batatinhas para o tabuleiro inferior e o tacho com o bacalhau mais a farinheira foi ocupar o tabuleiro superior. Dez minutos a 200°C et voilá!
Para acompanhar, optei por um Duorum, colheita de 2008, que o meu amigo e vizinho José Maria gentilmente me ofereceu e cuja garrafa aguardava pelo ocasião ideal para ser aberta. Recomendo.
Belissima receita! Com a farinheira casada com a broa, então, deve ser de ir às lágrimas (de prazer, claro).
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