Não foi dos primeiros pratos que preparei porque, quando se tem 18 ou 20 anos, aquilo que, regra geral, sabemos cozinhar é bife com batatas fritas (de preferência de pacote) e, quando muito, um ovito estrelado.
No entanto, lembro-me que o ossobuco foi das primeiras experiências gastronómicas a que me atrevi. Ainda por cima, nessa altura havia cá em casa uma panela de pressão cujo manual de instruções vinha repleto de receitas e tempos de cozedura (excelentes, sobretudo para leguminosas!). Foi na era em que ninguém sonhava, nem sequer imaginava, uma coisa chamada Internet, de maneira que qualquer receita era seguida mais à regra do que as orações de um missal.
Lembro-me que saiu bem e que comi o tutano todo com uma colher de café, feito lambão! Aquele sabor entranha-se, mais ainda do que o da própria carne, e fica-nos tão colado ao palato que dificilmente nos esquecemos dele.
Hoje, entrei no Talho do Vasco e, para meu espanto, dois suculentos pedaços de ossobuco sorriram para mim! Feito néscio (Nerd, como sói dizer-se nos tempos que correm) perguntei o que era aquilo, ao que o Vasco retorquiu: «Ossobuco». Nem mais, esses são para mim. E lá foram parar dentro do tacho, no qual muito antes preparei uma cama de cebola, alho, alho-francês, cenoura, tomate bem maduro, azeite, vinho branco e shaoxing.
Entretanto, havia que pensar no acompanhamento e lembrei-me de umas batatas-doces esmagadas que o Jamie Olivier preparara um destes dias na TV. Depois de descascadas, cortadas em cubos e temperadas com sal e pimenta-preta, foram para o forno assar as estopinhas. Quando achei que se derretiam como manteiga no Verão, retirei-as, coloquei-as numa taça e esmaguei-as com a ajuda de um garfo (falta-me um esmagador de batatas no meu ferramental) e de meio pacote de natas. (Não se esqueçam de ir virando e revirando as batatas enquanto estão no forno!)
O ossobuco suou durante quase uma hora até ficar bem tenro (um dos pedaços tinha osso e carne, mas de Buco, nem vê-lo! – amanhã o Vasco já me vai ouvir – escolham pedaços com o osso o mais redondo possível e tenham sempre muito cuidado ao virar as peças de carne durante a confecção para o tutano não desaparecer).
Ficou assim, e ainda sobrou para o almoço do dia seguinte.
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